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29/05/2025 15:28

Itaipu testa capacidade de restabelecer energia em situações de apagão



Quatro das 20 unidades geradoras da hidrelétrica ficaram desligadas por cerca de 25 minutos; teste comprovou a capacidade da usina para retomar o fornecimento de energia

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A usina hidrelétrica de Itaipu, localizada na fronteira de Brasil e Paraguai, na região de Foz do Iguaçu/Paraná, foi parcialmente desligada no último domingo, 25 de maio para um teste de black start no setor de 60 Hz, uma operação estratégica que simula o restabelecimento do fornecimento de energia após uma perda total de conexão com o sistema elétrico e o desligamento total da usina.

O objetivo do teste é avaliar a capacidade de autorrestabelecimento da usina em situações de “apagão” e verificar o desempenho da equipe técnica, a confiabilidade dos equipamentos e a eficácia dos procedimentos envolvidos. Todo o processo foi realizado de forma controlada, sem causar qualquer impacto nos sistemas interligados brasileiro e paraguaio.

Durante a manobra, quatro (U10, U11, U12 e U13) das 20 unidades geradoras de Itaipu, todas do setor de 60 Hz, foram desligadas, além de outros equipamentos que fazem parte do conjunto necessário para a recomposição. Esse procedimento integra a primeira etapa de um plano de recomposição que seria acionado em caso de desligamento total da usina, com o objetivo de restabelecer progressivamente a geração e a transmissão de energia para o sistema elétrico brasileiro, em especial para a região Sudeste do país. 

Com geradores a diesel instalados no interior da Casa de Força, Itaipu tem condições de religar suas unidades geradoras sem depender de fontes externas de energia. Este tipo de manobra é fundamental para garantir que, em caso de falha generalizada nos Sistemas Interligados, a binacional consiga retomar suas operações de forma autônoma e segura, no menor tempo possível.

O teste de black start é realizado uma vez por ano em cada setor da usina e não interfere na sua geração de energia, já que apenas parte dela é desligada. O processo costuma durar, no máximo, 30 minutos. Além do teste de domingo, 25 de maio, no setor de 60 Hz, foi realizado outro, no dia 27 de abril, no setor de 50 Hz (frequência utilizada no Paraguai). Em ambos os casos, o tempo total entre a interrupção e o restabelecimento completo foi de 25 minutos, comprovando a capacidade de autorrestabelecimento nos dois setores. 

O gerente de Operação da Usina e Subestações de Itaipu, Cláudio Costa, explicou que o grande desafio em eventos de relevância como no caso de um apagão é a agilidade no processo de recomposição e restabelecimento da energia aos consumidores. Segundo ele, o processo é complexo e envolve muitos agentes para que tudo flua bem. 

Na ação do último domingo, participaram diretamente uma equipe de doze empregados brasileiros e paraguaios que trabalham na Sala de Controle Central (CCR, da sigla em inglês) e na sala do Despacho de Carga. “A ideia é que tudo seja o mais real possível, incluindo o envolvimento indireto de outros setores da usina nas fases de planejamento e programação, e do ONS, necessários neste tipo de operação”, destacou Costa.

“Com o sistema energizado até a Subestação de Foz do Iguaçu, da Eletrobras, considera-se concluída a primeira etapa do processo, que é de responsabilidade de Itaipu, encerrando-se assim o teste. Em uma situação real de desligamento, a recomposição seguiria com as etapas subsequentes de transmissão e distribuição, até o restabelecimento completo do fornecimento de energia aos consumidores”, acrescentou.

Ele lembrou que a energia produzida pelas quatro unidades geradoras previstas no processo de normalização da usina é suficiente para abastecer parcialmente cidades do porte de São Paulo/São Paulo e totalmente as cidades de Belo Horizonte/Minas Gerais, Campinas/São Paulo ou do Rio de Janeiro/Rio de Janeiro, com atendimento a uma população de aproximadamente 6 milhões de pessoas.

Ainda de acordo com Costa, o teste em ambos os setores da Itaipu Binacional foi considerado um sucesso, comprovando que a usina tem condições de, em caso de um desligamento total motivado por fatores externos ou internos, restabelecer a geração de energia até a subestação da Eletrobras em Foz do Iguaçu usando suas próprias fontes de emergência. Até hoje, a manobra nunca precisou ser utilizada.

“Cabe destacar que todos os procedimentos seguem rigorosamente normativos e regras operativas. Além disso, as equipes de empregados e empregadas, brasileiros e paraguaios, passam por treinamentos rotineiros, garantindo a competência necessária para desempenhar suas funções com segurança e eficiência em situações de testes ou em ocorrências reais”, concluiu.

Em 2024, a Itaipu empresa binacional pertencente a Brasil e Paraguai foi responsável por suprir 7% da demanda brasileira e cerca de 78% da demanda paraguaia por energia elétrica.