Uma análise inédita do MapBiomas sobre a cobertura e o uso da terra no Brasil, apresentada nesta quarta-feira, 13 de agosto, mostra o impacto profundo da expansão agropecuária, da degradação ambiental e das mudanças climáticas ao longo de quatro décadas.
Entre 1985 e 2024, o país perdeu em média 2,9 milhões de hectares de áreas naturais por ano, totalizando 111,7 milhões de hectares – o equivalente a 13% do território nacional, área maior que a Bolívia. No mesmo período, a proporção de municípios com predominância da agropecuária subiu de 47% para 59%.
A Coleção 10 de Mapas Anuais de Cobertura e Uso da Terra, lançada em Brasília, marca os 10 anos de atividades do MapBiomas. Esta edição amplia o detalhamento para 30 classes mapeadas e inclui uma nova categoria: usinas fotovoltaicas, cuja área total no país cresceu de 822 hectares em 2016 para 35,3 mil hectares em 2024 — 62% delas concentradas na Caatinga.
Segundo Tasso Azevedo, coordenador geral do MapBiomas, “40% de toda a conversão de áreas naturais para agropecuária, mineração, cidades e infraestrutura ocorrida no Brasil se deu apenas entre 1985 e 2024”.
As quatro décadas em números
1985 a 1994: expansão acelerada do desmatamento, com aumento de 36,5 milhões de hectares de áreas antrópicas, sobretudo pastagens.
1995 a 2004: auge da conversão florestal para a agropecuária, com 44,8 milhões de hectares suprimidos.
2005 a 2014: redução histórica do desmatamento e intensificação agrícola, com 17,1 milhões de hectares de perda líquida de vegetação nativa, o menor valor da série.
2015 a 2024: aumento da degradação ambiental e impactos climáticos severos, incluindo secas extremas no Pantanal e na Amazônia.
A coordenadora científica do MapBiomas, Julia Shimbo, destaca que a última década trouxe “o retorno do avanço agrícola sobre áreas sensíveis e a intensificação da degradação, especialmente em biomas já fortemente alterados”.
Transformações nos biomas
Amazônia: perda de 52,1 milhões de hectares de áreas naturais (-13%).
Pantanal: redução de 1,7 milhão de hectares (-12%) e diminuição drástica da superfície de água, que caiu de 24% para 3% do bioma.
Cerrado: perda de 40,5 milhões de hectares (-28%).
Caatinga: redução de 9,2 milhões de hectares (-15%).
Mata Atlântica: perda de 4,4 milhões de hectares (-11%), mantendo cobertura florestal estável nas últimas duas décadas, mas com desmatamento persistente de florestas maduras.
Pampa: maior perda proporcional, com 30% de sua vegetação nativa suprimida.
Usinas fotovoltaicas em expansão
A nova categoria mapeada pelo MapBiomas mostra que Minas Gerais lidera a implantação de usinas fotovoltaicas no país, com 13,1 mil hectares — 37% da área nacional dedicada à geração de energia solar.


Fonte: MapBiomas
Autor: Dani Barbaro com informações MapBiomas
Crédito da imagem: Mídia Sudoeste
Repórter: Dani Barbaro