Lembra de quando a gente chegava e pedia: “Benção, mãe”?
Benção, Mãe
Por Junior Aurélio Vieira de Oliveira
Siga no Instagram: @jr_vieira.oficial
Essa coluna não é pra romantizar o Dia das Mães.
É pra falar a verdade a que eu vejo dentro da minha casa todos os dias.
Estamos na semana do Dia das Mães.
No próximo domingo, o país vai se encher de homenagens. Vai ter flor, café da manhã na cama, almoço especial, presentes, mensagens emocionadas nas redes sociais. Tudo isso é bonito. Tudo isso vale.
Mas, ao me sentar para escrever, algo me inquietou:
será que estamos mesmo entendendo o que é o Dia das Mães?
Fui buscar essa resposta olhando pra dentro da minha casa.
E aqui, vou ser muito sincero: não tem vida de comercial de margarina.
Tem uma mulher forte, que é mãe das minhas duas filhas.
Tem noites mal dormidas — e às vezes, sem dormir nada.
Tem choro no meio da madrugada.
Tem colo no escuro, mesmo com dor nas costas e olheira no rosto.
Tem cuidado. Tem entrega. Tem cansaço.
E tem também os perrengues da vida real.
Porque além de ser mãe, ela também é esposa, mulher, profissional.
Trabalha fora, cuida da casa, ajuda na empresa, organiza a rotina das meninas mesmo sem tempo pra si.
E vamos ser ainda mais sinceros: nem tudo é harmonia.
A vida conjugal também tem suas diferenças, seus atritos, seus dias difíceis.
Mas mesmo com tudo isso, ela segue firme, segue inteira ou quase inteira, porque mãe aprende a continuar mesmo aos pedaços.
E eu sei que essa não é só a realidade da minha casa.
Quantas mulheres vivem esse mesmo ritmo ou até mais exaustivo?
Quantas fazem milagre com o tempo, com o corpo, com o cansaço?
Deixe o seu comentário aqui. Quero saber como é a realidade da mãe que você conhece, da mulher que te criou ou daquela que você admira.
E então eu entendi:
o Dia das Mães não é um evento. É uma verdade que a gente precisa enxergar todos os dias.
A origem do Dia das Mães
O Dia das Mães surgiu de um gesto de saudade e gratidão.
Em 1905, a americana Anna Jarvis perdeu sua mãe, Ann Reeves Jarvis, uma mulher que dedicou a vida a cuidar de soldados feridos durante a guerra e lutar por saúde pública.
Em homenagem a ela, Anna criou uma data para que o mundo parasse nem que fosse um dia para reconhecer o amor, a força e a entrega de uma mãe.
A primeira comemoração oficial aconteceu em 1908, com cravos brancos flor preferida da mãe distribuídos aos presentes.
Em 1914, o segundo domingo de maio foi oficializado como o Dia das Mães nos Estados Unidos.
No Brasil, a comemoração chegou em 1918 e foi reconhecida oficialmente em 1932, por decreto do então presidente Getúlio Vargas.
Mas o mais curioso é que a própria criadora da data se revoltou com o rumo que ela tomou.
Anna passou os últimos anos da vida tentando combater a transformação do Dia das Mães em um espetáculo comercial.
Ela queria sentimento, não marketing. Queria presença, não só presentes.
Mais de 100 anos depois, a gente ainda precisa lembrar disso.
O que é, de verdade, ser mãe?
Mãe é sinônimo de renúncia.
Ela se doa antes mesmo de segurar o filho nos braços.
Desde o teste positivo, já começa a abrir mão de si: do corpo, da rotina, do conforto.
Depois vem o pacote completo:
Sono interrompido, comida fria, vaidade deixada pra depois.
Trabalho dentro e fora de casa.
E tudo isso enquanto o mundo espera que ela sorria, que dê conta, que não reclame.
Ser mãe é brincar mesmo cansada.
É segurar o choro pra não assustar.
É continuar quando ninguém percebe.
É estar ali sempre.
E, apesar de tudo isso, muitas vezes, mãe é esquecida.
Lembrada só uma vez por ano, com um presente comprado às pressas.
E o mais triste é ver como certos valores foram ficando pra trás.
Lembra de quando a gente chegava e pedia:
“Benção, mãe”?
Hoje, muitos filhos nem cumprimentam.
Falta tempo. Falta respeito. Falta presença.
Mas a verdade é: ela merece mais. Muito mais.
Mãe merece ser reconhecida em vida.
Merece um abraço fora de hora, um “obrigado” sem data marcada.
Merece que a gente pare de achar que ela “tem obrigação”.
Ela não tem. Ela só ama demais e a gente se acostuma com esse amor como se fosse obrigação.
Essa coluna é um lembrete.
Pra mim. Pra você.
Pra todos nós que, às vezes, esquecemos de ver de verdade.
Se você tem sua mãe por perto, abrace.
Se ela está distante, ligue.
Se ela já se foi, lembre-se dela com gratidão e cuide das outras mulheres que exercem esse papel na sua vida.
O Dia das Mães não é só domingo.
É o dia em que ela abre mão do que queria pra dar o que você precisava.
É o dia em que ela chora sozinha no banheiro pra não preocupar ninguém.
É o dia em que ela segura sua dor e diz que vai ficar tudo bem só pra você ter forças.
O Dia das Mães é hoje. É amanhã. É sempre.
E pra fechar, eu te lanço um desafio sincero:
Leia esta coluna em voz alta pra sua mãe no próximo domingo.
Ou, se ela já não estiver por perto, envie pra uma mulher que você admira.
Compartilhe. Espalhe essa verdade.
Porque homenagear é bonito, mas enxergar de verdade é o que transforma.
Não deixa pra depois.
Não espera o presente perfeito.
Às vezes, tudo o que uma mãe precisa é saber que você vê, sente e reconhece.
É ASSIM QUE PENSO!
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